quarta-feira, 24 de outubro de 2018

Os livros de viagens medievais



Paulo Lopes
Instituto de Estudos Medievais (IEM)
In Memoriam Luis Krus

«A Idade Média… À sua mera lembrança surgem perante os nossos olhos as muralhas dos castelos e a massa imponente das catedrais góticas, vêm-nos à memória as cruzadas e (…) os torneios dos feudais — toda a imagética característica desta época. Mas trata-se de traços exteriores, de um cenário, por assim dizer, sobre o qual agem os homens. Como eram eles? Como é que eles viam o mundo? O que é que os guiava na sua conduta?»

Aron Gurevitch

Enquanto problemática historiográfica, o tema da viagem e dos viajantes na Europa está tradicionalmente associado aos períodos moderno e contemporâneo, ficando a Idade Média relegada para um plano perfeitamente secundarizado. Tal deve-se ao facto de os séculos medievos serem considerados um período em que o predomínio da ruralidade e, numa perspectiva de longa duração, a extrema debilidade da vida urbana e das trocas comerciais de médio e largo curso não favoreceriam as deslocações.

Contudo, nos últimos decénios, vários estudos têm contribuído para afastar, ou pelo menos matizar, esta visão demasiado global e apriorística, tanto no aspecto das práticas sociais, como no do imaginário. Sobretudo para o período posterior ao século XII, os historiadores têm vindo a demonstrar como a sociedade do Ocidente medieval conheceu uma intensa circulação de homens e de ideias, estando hoje disponível uma vasta série de trabalhos sobre viajantes tão diversificados como os peregrinos, os cavaleiros, os eclesiásticos, os exploradores ou, num campo mais tradicional da investigação, os muitos mercadores das cidades emergentes na Europa dos séculos XIII, XIV e XV[1].


a) A prática medieval da viagem

Sabemos actualmente que o homem medieval viajou muito mais do que aquilo que se supunha. Isoladamente ou, sobretudo, em grupo, conhecemos como percorreu os caminhos internos e externos da cristandade ocidental, trocando experiências, técnicas, conhecimentos e ideias que, no seu conjunto, contribuíram para a progressiva afirmação de uma civilização com características e valores bem distintos e diferenciados dos que foram próprios das que com ela coexistiram no tempo e no espaço.

Sem as viagens não teria sido possível a génese e afirmação do Ocidente cristão. Em grande parte, as origens medievais da cristandade latina relacionam-se com várias e sucessivas campanhas de evangelização e missionação. Levadas a cabo pelos religiosos itinerantes, contribuíram para anexar ao catolicismo de raiz mediterrânica e urbana vastas regiões rurais europeias e reinos e comunidades outrora situadas, no todo ou em parte, no exterior do antigo império romano-cristão, desde as Ilhas Britânicas à Polónia e à Hungria, passando pela Escandinávia e pela Germânia. Sem as deslocações dos clérigos, que utilizaram a mesma língua em várias nações – o latim – e tomaram como referência os mesmos textos sagrados, não se teria estruturado e afirmado a civilização medieval ocidental[2] nem a ampla geografia de lugares sagrados que, no interior e mesmo no exterior da Europa, suscitavam múltiplas peregrinações, sendo a partir delas, aliás, que se foram organizando e estabelecendo muitos dos itinerários seguidos e percorridos pelos viajantes medievais. Na Idade Média, os cristãos que cruzavam os caminhos do Ocidente, quer fossem reis, senhores, camponeses, clérigos, monges, funcionários, artesãos, almocreves e mercadores, quer apenas pobres, fugitivos ou vagabundos, eram, simultânea ou exclusivamente, peregrinos em busca dos santuários e das relíquias que lhes permitiam obter graças e protecções celestes[3].

Neste sentido, a viagem medieval transcendia a dimensão de uma deslocação simplesmente motivada por preocupações e necessidades profanas, que, embora presentes em todos os viajantes, acabavam por se misturar ou subordinar a objectivos de ordem espiritual e religiosa, fazendo com que o caminhante encarasse os itinerários como uma demanda do sagrado e a possibilidade de assim ver perdoados os seus pecados e de salvar a sua alma.

Os relatos medievais de viagens intercalam frequentemente as notícias da observação e a realidade presente nos itinerários com os aspectos transcendentais, maravilhosos ou fantásticos que os viajantes encontravam, desafiavam ou venciam. Na floresta de símbolos em que se tornam os caminhos, recordam-se, insistentemente, as marcas que ameaçavam ou protegiam os que neles se aventuravam, permitindo-lhes encontrar os poderes capazes de afastar o medo e o receio do «outro», assim como a desordem e o perigo que esse encontro implicava[4].

Numa civilização de base rural em que as viagens significavam mais ou menos longas rupturas com as práticas e os valores do quotidiano familiar e social, encontrar e assegurar protecção divina para as dificuldades e para os receios era tão essencial como a rigorosa escolha do momento e dos meios para que fosse possível percorrer os caminhos com alguma segurança e tranquilidade. Quer se tratasse da simples jornada de um camponês às terras do senhor feudal para prestar um dia de trabalho, quer uma peregrinação a Compostela ou à Terra Santa, a viagem medieval requeria especiais cuidados materiais e espirituais, os quais variavam, contudo, em função das distâncias, das motivações, das expectativas e das posses dos diversos grupos sociais[5].

b) Os relatos de viagens medievais

Muitas das viagens da Idade Média deram origem a testemunhos escritos, os chamados livros de viagens medievais, que, tomados no seu todo, formam um género multifacetado. São obras de carácter diverso, que têm na sua base propósitos igualmente diferenciados[6]. No entanto, apesar das múltiplas variantes, a articulação, presente em todas, do discurso documental com o literário atribui-lhes um perfil singular. O discurso documental, dominante, faz com que a descrição, principalmente do mundo urbano, assuma uma importância crucial, prevalecendo sobre os aspectos narrativos, o discurso literário. Daqui resulta um dado inequívoco: os livros de viagens oferecem uma visão bastante clara da concepção do mundo e da realidade na Idade Média, ao mesmo tempo que constituem uma fonte incontornável para compreender aspectos muito diversos da cultura medieval.

Viajar é uma das necessidades mais antigas do homem, e as numerosas obras literárias medievais que se serviram da viagem como motivo central da sua intriga mais não são que um pálido reflexo das contínuas deslocações que ocorreram na realidade. Todavia, a literatura converteu o simples facto de alcançar um lugar num acto espiritual de enorme transcendência. Nesta medida, os relatos de viagens medievais adquiriram um estatuto muito especial, independentemente de se reportarem a deslocações reais ou imaginárias[7].

As longas e árduas deslocações ao Oriente dos esforçados membros da ordem franciscana, como Guilherme de Rubruck, João de Plano Carpini, Ricoldo de Montecroce, João de Montecorvino (o único arcebispo de Pequim na Idade Média) e Odorico de Podernone, provaram que o mundo medieval não foi um mundo fechado, mas percorrido incessantemente, quer ao nível interno, quer em relação a paragens exteriores à cristandade latina. Com efeito, nem a ausência de comodidades, nem o medo do mar ou de dormir em paragens longínquas e desconhecidas impediram os missionários, os peregrinos e os mercadores de se porem ao caminho, como foi o caso, para referir um exemplo paradigmático, do mercador Marco Polo. Desta imensidão de périplos nasceram relatos preciosos que deram a ver à Europa curiosa «um universo que até então apenas conhecia através das fábulas.»[8]

Mas em meados do século XIV a Ásia fecha-se para os europeus. O desmoronamento do império dos tártaros, a conversão ao islão dos mongóis do Turquestão e do Irão, a peste negra e o Cisma terminam com as missões. Em consequência, a recordação das viagens realizadas começa a desvanecer-se na memória dos ocidentais. As lendas ancestrais recuperam terreno na mentalidade coeva e relatos menos verídicos começam a impor-se como verosímeis: cerca de 1350, o suposto John Mandeville escreve uma obra que combina um relato de peregrinação à Terra Santa com um livro das maravilhas da Ásia; em data não muito posterior, mas também incerta, outro autor desconhecido escreve o Libro del Conosçimiento. Não é por acaso que estes textos são quase simultâneos e que conheceram uma grande divulgação. Perante a falta de informação em primeira mão, as viagens imaginárias contribuíram para saciar a sede de notícias dos leitores, os quais assimilavam rapidamente estes relatos aos conhecidos, e verídicos, de missionários e de mercadores, operando assim uma complexa conexão entre dados reais e imaginários, entre actualidade e tradição[9]. Para nós, hoje, tais narrativas são diferentes entre si, mas na época coeva não eram. A utilização do Libro del Conosçimiento como fonte para viagens reais é prova desse facto.

Quando aplicada à Idade Média, a distinção entre «real» e «fictício» revela-se um exercício pouco operativo[10]. As relações de viagem alternam observações tiradas da realidade com a descrição dos mitos asiáticos. O conhecimento do espaço não dissipa o elemento lendário e mitológico, em grande parte proveniente da Antiguidade e da tradição bíblica; justapõem-se e complementam-se num todo discursivo sem importar as contradições daí resultantes.

Outro argumento que revela a fraca operatividade da divisão entre relatos reais e fictícios, bem como o carácter simplista destas classificações, reside na intensa interacção entre as obras geográficas e as de viagens. Os textos mesclam-se. Uns inspiram-se, ou são até concebidos, com base em outros. A mesma obra pode ter «diversas» origens, algumas muito diferentes entre si.

Em síntese, os relatos ditos «reais» estão, na Idade Média, repletos de fantasias, ao passo que os relatos classificados como «fictícios» contêm vastas passagens recheadas de informações verídicas, fruto da experiência do autor ou recebidas de alguém que viajou e registou, ou transmitiu oralmente, o seu périplo[11].

c) Procedimentos narrativos

Muitos foram os que, provenientes dos diversos quadrantes da sociedade medieval, deixaram testemunho escrito das suas experiências dos caminhos, dando origem a uma vasta literatura de viagens: guias de mercadores, guias e relatos de peregrinação, relações de missionários e embaixadores, relatos de exploradores e aventureiros, e, inclusive, narrativas de viagens imaginárias.

Ainda que de forma variável e sem qualquer padrão estabelecido, o recurso comum a um conjunto de procedimentos narrativos garante aos textos que compõem este género diversificado uma forma literária autónoma no panorama da prosa medieva[12]:



Respeito por um itinerário

O primeiro e nuclear é o respeito por um itinerário. Com efeito, estas narrativas estão estruturadas em função de um percurso principal, que constitui a espinha dorsal do relato.

A prossecução de um trajecto é, pois, o elemento estruturante, a essência, de um relato de viagem medieval, mesmo que na forma de um guia de peregrinação ou de uma relação de missionários;



Ordem cronológica

A ordem cronológica é outra especificidade dos relatos de viagens. Na prossecução do itinerário, o narrador vê-se obrigado a adoptar uma sequência temporal. Não se trata de uma absoluta dependência do tempo, como ocorre com a crónica ou a biografia. Trata-se antes de fazer recurso de um instrumento que tem por objectivo contextualizar num quadro temporal os caminhos percorridos, ou seja, que funciona como elemento legitimador da verosimilhança da história da viagem.

A ordem cronológica é tanto mais estrita quanto mais objectiva e fiel à realidade histórica se mostrar a relação de viagem, isto é, quanto mais próxima estiver da crónica. Ao invés, quanto mais fabuloso o relato se revelar, menos rigorosa é a ordem cronológica do texto, aproximando-nos neste caso da novela;



Ordem espacial (o papel central das cidades)
Porém, o mais importante no livro de viagens medieval, aquilo que cria a sua verdadeira ordem narrativa, é o espaço, não o tempo. Intimamente associada ao itinerário, a ordem espacial materializa-se nos lugares que se percorrem e se descrevem.

Aqui chegados deparamo-nos com um dado essencial: na prossecução do trajecto nem tudo assume a mesma importância para o viajante, que é forçado a eleger e seleccionar os marcos fundamentais do itinerário: as cidades.

No livro de viagens medieval a cidade converte-se no índice de referência essencial, através do qual se desenvolve a descrição do itinerário. Dessa forma, os centros urbanos vão-se constituindo nos verdadeiros núcleos narrativos, em torno dos quais se organiza o resto do relato, a relação da viagem. De tal forma, que quando não existem cidades numa etapa do itinerário verifica-se uma súbita aceleração do tempo da narração e do espaço percorrido. O contrário, a presença de uma cidade importante, retarda o ritmo temporal e alarga a narração.

Centro de poder por excelência, a cidade medieval é um espaço superior. Necessário. Vital. A sua nomeação é quase sempre acompanhada de um intenso fervor. A este facto não é estranha a consciência urbana que invadiu a Europa a partir do século XII e que determina claramente a forma de os autores pensarem e, sobretudo, darem a ver o mundo nos seus relatos.

A percepção que o homem medieval tem da cidade é, em grande parte, determinada por quatro modelos míticos: a Jerusalém celeste, destino de toda a bem-aventurança; o seu oposto, a Babilónia, a maldita do Apocalipse; Roma, fonte de autoridade e de conhecimento; Bizâncio, a maravilha longínqua, fonte inesgotável de relíquias até ao saque de 1204.

Três alicerces fundamentais garantem à cidade um lugar muito específico na mundividência do homem medieval: isolamento (no sentido de individualidade e demarcação do que a rodeia), solidez (segurança e protecção do que vem do exterior, materializada nas muralhas e no exército «pessoal») e verticalidade (no sentido de grandeza e poder).

Hoje, a cidade constitui um espaço amplamente aberto ao exterior, de acesso fácil, mas onde reinam a insegurança e as formas extremas de miséria. Na Idade Média, simboliza o oposto. A cidade é a Ordem. A sua centralidade em relação à região que integra, afasta-a de alguma forma da ruralidade e do exterior selvagem, onde impera a desordem, a violência, o caos. O que fica para lá das muralhas é a antítese daquilo que os seus habitantes procuram nas ruas, praças, campanários e mercados.

Por outro lado, a cidade está sempre associada ao saber, ao estudo e à ciência. É o espaço do conhecimento, pois é nela que se situa o maior de todos os centros de saber: a universidade.

Em suma, intimamente associada ao itinerário, a ordem espacial manifesta-se nos lugares visitados e descritos, sobretudo na figura da cidade, inequivocamente o elemento mais importante na concretização de um percurso e cuja descrição constitui um elemento tradicional da maioria dos livros de viagens medievais;



A presença dos mirabilia

O tratamento das maravilhas ou mirabilia constitui outro elemento definidor dos relatos de viagens medievais. Os viajantes interrompem com frequência a prossecução do seu itinerário para narrar os mirabilia que se lhes deparam no caminho ou de que ouviram falar. São narrativas de carácter fabuloso, intrinsecamente associadas aos espaços percorridos, que provocam grande expectativa nos leitores. Dão conta de um mundo insólito e desconhecido, mas absolutamente real, pois havia sido visto e experimentado pelos autores/narradores, e maravilhoso, porque se relaciona com aquilo que não é visto e observado quotidiana e familiarmente. Um exemplo é o veiculado pela descoberta do maravilhoso real, presente na grandiosidade das construções, como a Igreja de Santa Sofia em Constantinopla. A contemplação de tais realizações — umas humanas, outras naturais — causa grande assombro e admiração no viajante e, posteriormente, no leitor;



Ausência de uma clara separação entre geografia, história, lenda e mito

Nestes relatos não existe uma clara separação entre geografia, história, lenda e mito. Aqui, ao contrário das Imago Mundi, que apresentam estes campos claramente independentes, a menção a um determinado espaço pode servir para evocar um acontecimento político, nomear os seus habitantes fantásticos ou recordar um herói ligado à sua fundação. Lenda e História, fábula e realidade caminham lado a lado, sobretudo nos relatos de viagens fictícias — textos cujo propósito fundamental consistia em elaborar uma síntese dos conhecimentos geográficos num dado momento, e em que a leitura das auctoritas[13], o estudo dos mapas mais ou menos contemporâneos e a utilização das lendas orais e dos testemunhos de viajantes coevos substituem, em grande medida, os acontecimentos reais vividos pelo próprio autor;



Dar a conhecer o mundo

Dar a conhecer notícias de uma determinada realidade, o mundo da forma que se apresenta aos olhos do viajante, constitui o fio condutor da narrativa de viagens. O importante é a informação que se transmite. Mas estes relatos apresentam-se também como uma iniciação aos enigmas que o mundo encerra nas suas fronteiras. A viagem surge então como o mecanismo por excelência para reflectir sobre a Criação, o tempo, o espaço, a diversidade, a unidade. E vai mesmo mais longe, pois, noutra vertente, assume-se ainda como veículo privilegiado de acesso ao conhecimento. Afinal, percorrer o mundo é igualmente percorrer os seus mistérios, as suas interrogações, o seu passado e o seu futuro.

Neste sentido, ao nível do imaginário, podemos afirmar que os relatos de viagens medievais retomam o espírito da Antiguidade, onde viajar era ver as maravilhas do mundo.

O homem medieval, em particular o viajante, está cansado da trivialidade e da monotonia do quotidiano e da natureza que o rodeia. Procura, por isso, fugir a esse mundo e encontrar um que preencha o vazio que sente. O imaginário torna-se, pois, constitutivo da sua existência, tanto quanto a experiência imediata do real.

Onde pode o homem medieval encontrar os motores de fuga à monotonia da realidade? Como não podia deixar de ser, bem longe do centro ordenador que tão bem conhece, isto é, na periferia do mundo. É nos lugares longínquos, isolados e diferentes, que os mirabilia se revelam aos olhos do cristão medieval.

O Norte da Europa, a África, a Ásia e os oceanos são o lugar do maravilhoso, onde tudo é possível, mas para lá chegar é preciso viajar. Nessa medida, maravilhoso, espaço e viagem caminham necessariamente de mãos dadas.

O viajante procura a diferença, não a semelhança. Regista o extraordinário, aquilo que o surpreende no Outro, que tão longe encontra;



Ausência de acções paralelas

Nestes textos, relativamente ao que é comum em outras formas de narrativa medieval, não existem acções paralelas, entrelaçamentos que obriguem o narrador a interromper ou a deixar em suspenso o relato, cuja matéria narrativa essencial é seguir um itinerário;



Narração linear e contínua

A narração no livro de viagens medieval apresenta-se, pois, como linear e contínua, protagonizada por um só personagem — individual ou colectivo, real ou fictício —, quase sempre o narrador da história;



Recurso à primeira pessoa (predomínio do Eu)

Um elemento fundamental para definir os livros de viagens medievais reside na forma de apresentação do relato. Com efeito, a referida identidade entre o protagonista e o narrador impõe o eu dos viajantes, expresso na aplicação contínua da primeira pessoa, como forma privilegiada de apresentação do relato — tal premissa resulta em grande parte da ausência de acções paralelas, por sua vez decorrente do facto de o desenvolvimento narrativo destes relatos passar pela prossecução de um itinerário.

Este recurso contribui para tornar mais atractivo e sugestivo o relato para o receptor, a quem transfere mais facilmente, sem um narrador interposto, a experiência vivida ou imaginada. Mas, sobretudo, tem uma função verificadora e testemunhal que reforça a verosimilhança e autenticidade do que é narrado;



Privilegiar os dados externos

No entanto, e apesar do emprego quase constante da primeira pessoa, os livros de viagens medievais privilegiam os dados externos, não o universo pessoal do viajante — situação que se verificará apenas com a chegada do modernismo. O protagonista é um simples espectador e anotador dos lugares e das coisas que observa. A incursão maior que faz no terreno do pessoal é, pois, no sentido de narrar as razões por que teve de ficar por algum tempo em determinado lugar;



Apresentação de histórias intercaladas

Os autores dos livros de viagens tinham por prática intercalar os seus relatos com pequenos textos de cariz lendário ou histórico. Tradicionalmente relacionadas com figuras ou acontecimentos estruturantes da memória colectiva coeva e, de alguma forma, associados ao itinerário em prossecução, ou seja, à ordem espacial do relato em que se inseriam, estas narrativas operavam a articulação global das componentes literária e documental da obra;



Articulação do discurso documental com o literário, prevalecendo todavia sempre o primeiro

Como já referimos, independentemente das variantes, a articulação do discurso documental com o discurso literário — mantendo sempre o primeiro uma posição dominante sobre o segundo, sobretudo na figura da descrição do mundo urbano —, constitui um traço distintivo das narrativas de viagens medievais.

d) Público

O público a que se destinavam os livros de viagens, em particular nos finais do século XIV e ao longo do século XV, pertencia, sobretudo, aos círculos cavaleiresco e aristocrático. A razão está em estas obras corresponderem, mais do que a uma ideologia clerical e letrada ou a uma actividade mercantil, à mentalidade e formas de vida cavaleiresca que marcaram a sociedade europeia de Quatrocentos[14].

Porém, os relatos da experiência dos caminhos atingiam um público mais alargado, ávido de informações acerca dos territórios existentes para lá dos limites conhecidos.

Não é por isso de estranhar que nos países da cristandade tal literatura tivesse exercido sobre os seus leitores uma grande influência, quer pelos factos que nomeava, quer pela significação de que se revestiam na mentalidade colectiva.

É também fundamental não esquecer que os livros de viagens, para além da informativa, desempenhavam uma função pragmática: preencher um vazio e quebrar a rotina, projectando o leitor no espaço e no tempo do texto. Este não se limitava a ler a obra. Interiorizava-a, fazendo suas as referências fornecidas pelo autor[15].

Como referem os investigadores Paul Zumthor e Maria Jesús Lacarra, o princípio de credibilidade não funcionava para os autores e leitores destes livros da mesma forma que para os actuais. Os critérios que estavam na sua base eram inequivocamente distintos. Os leitores de então liam a obra segundo uma pluralidade de perspectivas, sendo, como os autores, indiferentes ao critério de credibilidade[16].

e) Repercussões dos livros de viagens medievais

Os livros de viagens medievais influenciaram de forma determinante as civilizações que os viram nascer. A sua concretização mais assinalável e decisiva foi a de contribuir de forma notável para a ampliação do horizonte de conhecimentos da época. O fascínio pelo novo e pelo desconhecido que transmitiam, a própria experimentação do viajante e um mistério por desvendar eram um permanente incentivo para novas empresas, que culminariam com os descobrimentos geográficos dos fins da Idade Média, a última grande aventura do homem medievo ao nível das viagens[17].

f) Relatos de viagens marcantes na Península Ibérica

De entre o vasto e diversificado panorama de relatos de viagens elaborados durante a Idade Média, alguns houve que se revestiram de particular importância na Península Ibérica:

· A Fazenda do Ultramar (Almerich)[18]

· Liber Sancti Jacobi (Américo Picaud)[19]

· Livro de Viagens (Benjamin de Tudela)[20]

· Relação de Viagem (Abu Hâmid al-Gharnâtî)[21]

· As Relações das Peripécias que Sobrevêm Durante as Viagens (Ibn Jubayr)[22]

· Viagem no País dos Búlgaros do Volga (Ahmad Ibn Fadlân)[23]

· Presente Sobre as Curiosidades das Cidades e as Maravilhas das Viagens (Muhammad Ibn Battûta)[24]

· Livro das Maravilhas (Marco Polo)[25]

· Embaixada a Tamerlão (Ruy González de Clavijo)[26]

· Andanças e Viagens (Pero Tafur)[27]

· El Victorial ou Crónica de Pero Niño (Gutierre Díez de Games)[28]

· Livro das Maravilhas do Mundo (João de Mandeville)[29]

· Livro do Infante Don Pedro de Portugal (Gómez de Santisteban)[30]

· Navigatio Sancti Brendani [31]

· Diario da jornada do conde de Ourem ao concilio de Basilea [32]

· Carta ao guardião de Perusa desde Chaitón (André de Perusa)[33]

· Carta de Almalik (Pascual de Vitoria)[34]

· Cartas de Khanbalik (João de Montecorvino)[35]

· De modo saracenos extirpendi (Guilherme Adam)[36]

· Directorium ad passagium faciendum (Guilherme Adam)[37]

· Libro del Conosçimiento[38]
· História Maravilhosa do Grande Khan (Ricoldo de Montecroce)[39]

· Mirabilia descripta (Jordão de Severac)[40]

· Topografia Cristã (Cosma Indicopleusta)[41]

· Viagem (Odorico de Pordenone)[42]

· Le Canarien (Pedro Bontier e João Verrier)[43]

· Viagem através do Império Mongol (Guilherme de Rubruck)[44]

· História dos mongóis (João de Plano Carpini)[45]

g) Conclusão

Para além de fornecer ao Ocidente uma informação preciosa, muitas vezes de primeira mão, sobre territórios e povos longínquos, bem como sobre disciplinas diversas como a história, a geografia ou a economia, esta literatura tem o mérito de representar um conjunto de obras que de alguma forma se emanciparam dos constrangimentos espirituais e da tradicional limitação do saber e da experiência que marcavam os textos tipicamente medievais. Textos onde, comparativamente, vingava uma concepção do mundo bem mais tradicionalista e fechada.

É inequívoco nos relatos de viagens medievais este movimento de transgressão dos limites impostos pela autorictas científica, cada vez mais frequente com o passar dos séculos e com o vencer continuado dos obstáculos físicos que impediam o acesso ao espaço do Outro, o distante e diferente.

Logo à partida, tais realizações garantem a esta literatura — que revela em cada caso um objectivo diverso — um lugar bem demarcado no quadro da cultura onde a mesma se insere.

A cada passo dos percursos que protagonizam, os viajantes querem reconhecer as categorias culturais da enciclopédia medieval. No entanto, a curiosidade é grande e aumenta cada vez mais. Assim, para além de tentar reconhecer nas formas assumidas pela natureza o previamente transmitido e apreendido no local de origem, o praticante dos caminhos quer saber mais acerca do novo espaço que experimenta. Tal ensejo leva a que, progressivamente, comece a confrontar os conhecimentos adquiridos com os dados fornecidos pela experiência in situ, operando uma transformação mental onde o lugar real, inevitavelmente diferente do imaginado, tende a ganhar terreno à geografia apriorística. Guilherme de Rubruck foi o primeiro a negar a existência dos portentos sancionados por Isidoro de Sevilha. Em seguida, João de Marignoli proclama que, durante a sua viagem pelas três Índias, não encontrou quaisquer provas da existência de seres extraordinários na terra.

Outros exemplos desta evolução da relação entre o apreendido e o novo directamente observado e vivido, ou seja, entre o passado e o presente, são as visões catalogadoras, reflexivas e organizadoras de Marco Polo, Pero Tafur e González de Clavijo.

Esta transmutação verifica-se igualmente ao nível do público leitor, como comprovam a considerável quantidade de textos em circulação e a forma ávida como os mesmos são recebidos. Com efeito, a expectativa que sempre acolheu as narrativas de viagens é bem reveladora da crescente necessidade cultural de descoberta da realidade geográfica do mundo. Ainda que muito lentamente, daqui nasceu o quadro dos mundos possíveis que conduziu ao grande movimento de expansão que teve início em quatrocentos sob a égide dos reinos ibéricos.

Em síntese, nas suas múltiplas facetas e diversas condicionantes, o universo que envolve os livros de viagens medievais dá bem a ver como o homem medievo é essencialmente um homo viator. Um homem cujo imaginário é ao longo dos séculos cada vez mais preenchido pela dimensão simbólica da viagem e dos espaços longínquos a ela associados. Um homem que anda sempre e vê sempre, seja pelos caminhos físicos do espaço que percorre, seja pelos caminhos iniciáticos que conduzem à salvação da sua alma.

E é também por tudo isto que, mesmo quando não constitui o elemento essencial da obra, a viagem é sempre omnipresente nos textos que integram este género de literatura.

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[1] Cf. A. T’Serstevens (ed.), Los precursores de Marco Polo, Orbis, Barcelona, 1986; Arthur P. Newton (ed.), Travel and travellers of the Middle Ages, Routledge, sine loco, 1996; B. W. Fick, Los libros de viajes en la España medieval, Editorial Universitaria, Santiago de Chile, 1976; Eduardo Aznar Vallejo, Viajes y descubrimientos en la Edad Media, Síntesis, Madrid, 1994; Iria Gonçalves, “Viajar na Idade Média: através da Península em meados do século XIV” in Imagens do mundo medieval, Livros Horizonte, Lisboa, 1988, pp. 157-176; J. P. Roux, Les explorateurs au Moyen Age, Fayard, Paris, 1985; J. R. S. Phillips, La expansión medieval de Europa, Fondo de Cultura Económica, Madrid, 1994; J. Verdon, Voyager au Moyen Age, Perrin, Paris, 1998; Joaquín Rubio Tovar (ed.), Libros españoles de viajes medievales, Taurus, Madrid, 1986; José Ángel García de Cortázar, Los viajeros medievales, Santillana, Madrid, 1996; Michel Mollat, Los exploradores del siglo XIII al XVI: primeiras miradas sobre nuevos mundos, Fondo de Cultura Económica, México, 1990; Miguel Angel Ladeno Quesada, El mundo de los viajeros medievales, Anaya, Madrid, 1992; Voyages et voyageurs au Moyen Age – XXVIe Congrès de la SHMES Limoges-Aubazine, mai 1995, Société des Historiens Médiévistes de l’Enseignement Supérieur Public, Publications de la Sorbonne, Paris, 1996.

[2] Cf. Jacques Heers, “A Igreja e a evangelização” in História Universal – O mundo medieval, Círculo de Leitores, Lisboa, 1977, pp. 28-33; Jacques Le Goff, “A expansão da Cristandade: cristianização no Norte e no Leste” in A civilização do ocidente medieval, vol. I, 2ª edição, Editorial Estampa, Lisboa, 1995, pp. 92-101; Léopold Génicot, “O espírito, a Igreja e o Ocidente” in Linhas de rumo da Idade Média, Livraria Apostolado da Imprensa, Porto, 1963, pp. 75-89; Marc Bloch, “Os normandos. A cristianização do Norte” in A sociedade feudal, Edições 70, Lisboa, 1998, pp. 47-51.

[3] Cf. Jean Richard, Les récits de voyages et de pèlerinages, Brépols, Turnhout, 1981; idem, “Pilgrimage, christian” in Trade, travel and exploration in the Middle Ages — An encyclopedia, John Block Friedman and Kristen Mossler Figg (ed.), Garland Publishing, New York, 2000, pp. 478-483; Norbert Ohler, “A pilgrim’s guide to Santiago de Compostela” in The medieval traveller, The Boydell Press, Suffolk, 1998, pp. 184-198; idem, “Religion and travel”, op. cit., pp. 56-59; Paul Zumthor, “Peregrinos y cruzados” in La Medida Del Mundo - Representatión del espacio en la Edad Media, Cátedra, Madrid, 1994, pp. 178-193; R. Oursel, Les pélerins au Moyen Age. Les hommes, les chemins, les sanctuaires, sine nomine, Paris, 1963; I Congresso Internacional dos Caminhos Portugueses de Santiago de Compostela, Edições Távola Redonda, Lisboa, 1992.

[4] Para um aprofundamento da temática da mentalidade medieval vide Christiane Deluz, “Partir c’est mourir un peu. Voyage et déracinement dans la société médiévale” in Voyages et voyageurs au Moyen Age – XXVIe Congrès de la SHMES Limoges-Aubazine, mai 1995, Société des Historiens Médiévistes de l’Enseignement Supérieur Public, Publications de la Sorbonne, Paris, 1996, pp. 291-303; Claude Lecouteux, Au-delà du merveilleux, Essai sur les mentalités du Moyen Âge, Presses de l’ Université de Paris-Sorbonne, 2ª éd., sine loco, 1998; Hervé Martin, Mentalités médiévales, XIème - XVème siècle, Presses Universitaires de France, Paris, 1996; J. R. S. Phillips, “Europa y el mundo: c. 1100-1450. La erudición y la imaginación”, op. cit., pp. 227-247; J. Verdon, “Imaginaire. Le merveilleux”, op. cit., pp. 331-344; Jacques Le Goff, “A memória medieval no Ocidente” in História e memória, vol. II - Memória, Edições 70, Lisboa, 2000, pp. 27-39; Paul Zumthor, “Edad Media”, op. cit., pp. 31-47; Robert K. Upchurch, “Wonders of the East” in Trade, travel and exploration…, op. cit., pp. 654-655.

[5] Para um maior desenvolvimento deste tema vide Giovanni Cherubini, “O camponês e o trabalho no campo” in O Homem medieval, Jacques Le Goff (dir.), Editorial Presença, Lisboa, 1989, pp. 81-95; Iria Gonçalves, “Viajar na Idade Média: de e para Alcobaça na primeira metade do século XV”, op. cit., pp. 177-200; José Ángel García de Cortázar, “A relação entre sociedade rural e sociedade englobadora” in História rural medieval, Editorial Estampa, Lisboa, 1996, pp. 163-170.

[6] Cf. Joaquín Rubio Tovar (ed.), op. cit., p. 30.

[7] Cf. idem, p. 9.

[8] Jurgis Baltrusaitis, La Edad Media fantástica. Antigüedades y exotismos en el arte gótico, Ediciones Cátedra, Madrid, 1994, p. 176.

[9] Cf. Maria Jesús Lacarra, “La imaginación en los primeros libros de viajes” in Actas del III Congreso de la Asociación Hispánica de Literatura Medieval, Universidad de Salamanca, Salamanca, 1989, p. 501.

[10] ibidem

[11] Paul Zumthor, op. cit., p. 291.

[12] Cf. Eugenia Popeanga, “Lectura e investigación de los libros de viajes medievales” in Filología Románica, Anejo I, 1991, pp. 9-26; Miguel Ángel Pérez Priego, “Estudio Literario de los libros de viajes medievales” in Epos, vol. I, 1984, p. 217-239; Pedro Cátedra, “La dimensión interior en la lectura de los libros de viajes medievales” in Actas del primer congreso anglo-hispano, Alan Deyermond and Ralph Penny (ed.), vol. II, Castalia, Madrid, 1993, pp. 41-58; Rafael Beltrán, “Los libros de viajes medievales castellanos” in Filología Románica, 1991, pp. 121-164; Sofía M. Carrizo Rueda, “Morfología y variantes del relato de viajes” in Libros de viaje: actas de las jornadas sobre los libros de viaje en el mundo románico, celebradas en Murcia del 27 al 30 de noviembre de 1995, Fernando Carmona Fernández y Antonia Martínez Pérez (ed.), Servicio de Publicaciones, Universidad de Múrcia, Murcia, 1996, pp. 119-126.

[13] Autores clássicos e medievais considerados a autoridade suprema em determinada matéria. Exemplos maiores são Heródoto, Santo Isidoro de Sevilha e Santo Agostinho.

[14] Cf. Miguel Ángel Pérez Priego, op. cit., pp. 234-238.

[15] Cf. Pedro Cátedra, op. cit.; Paul Zumthor, op. cit., pp. 285-303.

[16] Cf. Maria Jesús Lacarra, “El Libro del Conosçimiento: un viaje alrededor de un mapa” in Libro del conosçimiento de todos los rregnos et tierras et señorios que son por el mundo, et de las señales et armas que han, María Jesús Lacarra, María del Carmen Lacarra Ducay y Alberto Montaner (ed.), ed. facsimilar del Manuscrito Z (Múnich, Bayerische Staatsbibliothek, Cod. Hisp. 150), Institución “Fernando El Católico” (CSIC), Diputación de Zaragoza, Zaragoza, 1999, p. 78; Paul Zumthor, op. cit., p. 290.

[17] Cf. Miguel Ángel Pérez Priego, op. cit., p. 239.

[18] vide Almerich, La fazienda de ultra mar: Biblia romanceada et itineraire biblique en prose castillane du XII siècle, Moshe Lazar (ed.), Universidad de Salamanca, Salamanca, 1965.

[19] vide Américo Picaud, Liber Sancti Jacobi, Codex Calixtinus, Abelardo Moralejo (ed.), Xerencia de Promoción do Camiño de Santiago, Santiago de Compostela, 2004; idem, Liber Sancti Jacobi, Codex Calixtinus, Klaus Herbers y Manuel Santos Noia (ed.), Xerencia de Promoción do Camiño de Santiago, Santiago de Compostela, 1998.

[20] vide Benjamín de Tudela, Libro de viajes de Benjamín de Tudela, José Ramón Magdalena Nom de Deu (ed.), Riopiedras Ediciones, Barcelona, 1989; idem, The world of Benjamin of Tudela: a medieval Mediterranean travelogue, Sandra Benjamin (ed.), Madison/Fairleigh Dickinson University Press, London, 1995; idem, Viajes de Benjamín de Tudela, 1160-1173, Ignacio González Llubera (ed.), V.H. Sanz Calleja, Madrid, 1918.

[21] vide Abu Hâmid al-Gharnâtî, Abu Hamid el Granadino y su relación de viaje por tierras eurasiáticas, César E. Dubler (ed.), Maestre, Madrid, 1953; idem, De Grenade à Bagdad: la relation de voyage d'Abu Hâmid al-Gharnâtî (1080-1168), Jean-Charles Ducène (ed.), L'Harmattan, Paris, 2006.

[22] vide Ibn Jubayr, The travels of Ibn Jubayr, William Wright (ed.), David Brown Book Co., Leiden, 1973; Voyageurs arabes: Ibn Fadlân, Ibn Jubayr, Ibn Battûta et un auteur anonyme, Paule Charles-Dominique (ed.), Gallimard, Paris, 1995.

[23] vide Ahmad Ibn Fadlân, Voyage chez les bulgares de la Volga, Marius Canard (ed.), Sindbad, Paris, 1988; Voyageurs arabes: Ibn Fadlân, Ibn Jubayr, Ibn Battûta et un auteur anonyme, Paule Charles-Dominique (ed.), Gallimard, Paris, 1995.

[24] vide Muhammad Ibn Battûta, Através del Islam, Serafín Fanjul y Federico Arbós (ed.), Editora Nacional, Madrid, 1981; idem, The travels of Ibn Battûta, Hamilton Gibb (ed.), The Hakluyt Society, London, 1994; Voyageurs arabes: Ibn Fadlân, Ibn Jubayr, Ibn Battûta et un auteur anonyme, Paule Charles-Dominique (ed.), Gallimard, Paris, 1995.

[25] vide Marco Polo, El libro de las cosas maravillosas, Rafael Benitez Claros (ed.), Sociedad de Bibliófilos Españoles, Madrid, 1947; idem, Aquí empieza el libro de Micer Marco Polo... Las Maravillas del mundo, Ángeles Cardona y G. Gibert (ed.), Círculo de Bibliófilo, Barcelona, 1978; idem, Le devisement du monde, Philippe Ménard (ed.), Droz, Genève, 2001; idem, Libro de las maravillas, Mauro Armiño (ed.), Anaya, Madrid, 1992; idem, The book of Marco Polo, the Venetian, concerning the kingdoms and marvels of the east, 2 vols., Henri Codier, Amy Frances Yule, Henry Yule (ed.), Philo Press, Amsterdam, 1975.

[26] vide Ruy González de Clavijo, Embajada a Tamorlán, Francisco López Estrada (ed.), Castalia, Madrid, 2005; idem, Embajada a Tamorlán, Francisco López Estrada (ed.), Consejo Superior de Investigaciones Científicas, Instituto Nicolás Antonio, Madrid, 1943.

[27] vide Pero Tafur, Andanças e viajes de un hidalgo español, El Albir, Barcelona, 1982; idem, Andanças e viajes por diversas partes del mundo avidos, Marcos Jiménez de la Espada (ed.), Miraguano/Polifemo, Madrid, 1995.

[28] vide Gutierre Díez de Games, El Victorial, Rafael Beltrán Llavador (ed.), Ediciones Universidad de Salamanca, Salamanca, 1997; idem, El Victorial: Cronica de Don Pero Niño, Conde de Buelna, Juan de Mata Carriazo (ed.), Espasa Calpe, Madrid, 1940.

[29] vide Jean de Mandeville, Libro de las maravillas del mundo, Pilar Liria Montañés (ed.), Caja de Ahorros de Zaragoza, Aragón y Rioja, Zaragoza, 1979; idem, Libro de las maravillas del mundo (Ms. Esc. M-III-7) Juan de Mandevilla, María Mercedes Rodríguez Temperley (ed.), SECRIT, Buenos Aires, 2005.

[30] vide Gómez de Santisteban, Libro del infante Don Pedro de Portugal, Francis M. Rogers (ed.), Fundação Calouste Gulbenkian, 1962, Lisboa.

[31] vide Navegação de S. Brandão nas fontes portuguesas medievais, Aires A. Nascimento (ed.), Edições Colibri, Lisboa, 1998.

[32] vide Diario da jornada do conde de Ourem ao concilio de Basilea, Aida Fernanda Dias (ed.), Câmara Municipal de Ourém, Ourém, 2003; “Diario da jornada que fez o conde de Ourem ao concilio de Basiléa” in Os homens de Alfarrobeira, Lita Sacarlatti (ed.), INCM, Lisboa, 1980, pp. 299-357.

[33] vide Annales Minorum seu trium Ordinum a S. Francisco institutorum, ad. an. 1326, nº 2, Lucas Wadding (ed.), Quaracchi, Roma, 1931-1964; Biblioteca bio-bibliografica della Terra Santa e dell’Oriente Francescano, vol. III, Girolamo Golubovich (ed.), Quaracchi, Collegio di S.Bonaventura, Florencia, 1913-1927; Cathay and the way thither, vol. III, Henry Yule (ed.), Hakluyt Society, London, 1913-16; Sinica Franciscana - Itineraria et relationes Fratrum Minorum saeculi XIII et XIV, vol. I, Anastasius Van Den Wyngaert (ed.), Quaracchi, Florencia, 1929.

[34] vide Annales Minorum seu trium Ordinum a S. Francisco institutorum, ad. an. 1342, nº 10, Lucas Wadding (ed.), Quaracchi, Roma, 1931-1964; Biblioteca bio-bibliografica della Terra Santa e dell’Oriente Francescano, vol. IV, Girolamo Golubovich (ed.), Quaracchi, Collegio di S.Bonaventura, Florencia, 1913-1927; Cathay and the way thither, vol. III, Henry Yule (ed.), Hakluyt Society, London, 1913-16; Sinica Franciscana - Itineraria et relationes Fratrum Minorum saeculi XIII et XIV, vol. I, Anastasius Van Den Wyngaert (ed.), Quaracchi, Florencia, 1929.

[35] vide Annales Minorum seu trium Ordinum a S. Francisco institutorum, ad. an. 1289, nº 3-13; ad. an. 1305, nº 13-14; ad. an. 1307, nº 6, Lucas Wadding (ed.), Quaracchi, Roma, 1931-1964; Biblioteca bio-bibliografica della Terra Santa e dell’Oriente Francescano, vol. III, Girolamo Golubovich (ed.), Quaracchi, Collegio di S.Bonaventura, Florencia, 1913-1927; Cathay and the way thither, vol. III, Henry Yule (ed.), Hakluyt Society, London, 1913-16; Sinica Franciscana - Itineraria et relationes Fratrum Minorum saeculi XIII et XIV, vol. I, Anastasius Van Den Wyngaert (ed.), Quaracchi, Florencia, 1929.

[36] vide Guillaume Adam, De modo saracenos extirpendi, Imprimerie Nationale, Paris, 1906.

[37] vide Guilherme Adam, “Directorium ad faciendum passagium transmarinum” in American Historical Review, vol. XII, nº 4 (July, 1907), pp. 810-857; vol. XIII, nº 1 (October, 1907), pp. 66-115, C. Raymond Beazley (ed.), New York, 1907.

[38] vide Libro del conosçimiento, Francisco López Estrada (ed.), El Albir, Barcelona, 1980; Libro del conosçimiento de todos los reynos et tierras et señoríos que son por el mundo et de las señales et armas que han cada tierra et señorío por sy et de los reyes et señores que los proueen, escrito por un franciscano español á mediados del siglo XIV, Marcos Jiménez de la Espada (ed.), T. Fortanet, Madrid, 1877; Libro del conosçimiento de todos los rregnos et tierras et señorios que son por el mundo, et de las señales et armas que han, María Jesús Lacarra, María del Carmen Lacarra Ducay y Alberto Montaner (ed.), ed. facsimilar del Manuscrito Z (Múnich, Bayerische Staatsbibliothek, Cod. Hisp. 150), Institución “Fernando El Católico” (CSIC), Diputación de Zaragoza, Zaragoza, 1999.

[39] vide Ricoldo de Montecroce, “Fra Ricoldo de Monte Croce, pélerin en Terre Sainte et missionaire en Orient”, R.P. Mandonnet (ed.), in Revue biblique, nº 2, 1893; idem, Pérégrination en terre sainte et au Proche-Orient, Lettres sur la chute de Saint-Jean-d'Acre, René Kappler (ed.), H. Champion, Paris, 1997; idem, Peregrinatores medii aevi quatuor, J.C.M. Laurent (ed.), J. C. Hinrichs Bibliopola, Lipsae, 1873.

[40] vide Jordan Catala de Sévérac, Mirabilia descripta, les merveilles de l'Asie, Henri Cordier (ed.), Abbeville, Paris, 1925; idem, Mirabilia descripta, the wonders of the East, Henry Yule (ed.), The Hakluyt society, London, 1863; idem, Une image de l'orient au XIVème siècle: les Mirabilia descripta de Jordan Catala de Sévérac, Christine Gadrat (ed.), École des chartes, Paris, 2005.

[41] vide Cosma Indicopleusta, Topografía cristiana, Antonio Garzya (ed.), M. Dauria Editore, Napoli, 1992.

[42] vide Odorico da Pordenone, Relación de viaje, Nilda Guglielmi (ed.), Biblos cop., Buenos Aires, 1987.

[43] vide Pierre Bontier y Jean le Verrier, Le canarien: crónicas francesas de la conquista de Canarias, Alejandro Cioranescu (ed.), Cabilbo Insular de Tenerife, Tenerife, 1986; idem, Le canarien: crónicas francesas de la conquista de Canarias, 3 vols., Elias Serra y Alejandro Cioranescu (ed.), CSIC, Tenerife, 1959-1964; idem, Le canarien: manuscritos, transcripción y traducción, Berta Pico, Eduardo Aznar y Dolores Corbella (ed.), La Laguna, Instituto de Estudios Canarios, Tenerife, 2003.

[44] vide Guillaume de Rubrouck, Guillaume de Rubrouck, ambassadeur de saint Louis en Orient, récit de son voyage, Louis de Backer (ed.), E. Leroux, Paris, 1877; idem, The mission of Friar William of Rubruck: his journey to the court of the Great Khan Möngke 1253-1255, Peter Jackson and David Morgan (ed.), The Hakluyt Society, London, 1990; idem, Voyage dans l'Empire mongol: 1253-1255, Claude Kappler et René Kappler (ed.), Payot, Paris, 1985; idem, Jean du Plan Carpin, Journey of William of Rubruck to the Eastern parts of the world, 1253-55 as narrated by himself, with two accounts of the earlier journey of John of Pian de Carpine, William Woodville Rockhill (ed.), Madras - Asian educational services, New Delhi, 1998.

[45] vide Guillaume de Rubrouck, Jean du Plan Carpin, Journey of William of Rubruck to the Eastern parts of the world, 1253-55 as narrated by himself, with two accounts of the earlier journey of John of Pian de Carpine, William Woodville Rockhill (ed.), Madras - Asian educational services, New Delhi, 1998; Jean du Plan Carpin, Histoire des Mongols, Jean Becquet et Louis Hambis (ed.), Adrien-Maisonneuve, Paris, 1965; idem, Relation des Mongols ou Tartares, par le Frère Jean du Plan de Carpin, Armand d' Avezac (ed.), Arthus-Bertrand, Paris, 1838; idem, Storia dei Mongoli, Enrico Menestò y Paolo Daffinà (ed.), Centro italiano di studi sull'alto medioevo, Spoleto, 1989.

Revista Medievalista - FCSH-UNL

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